3/10/2011

A Cultura da Violência



LUIZ FLÁVIO GOMES


"Para vivermos em paz uns com os outros (utopicamente: sem nenhum resquício de violência) devemos aceitar nossas diferenças ou refutar nossas semelhanças? Qual seria o comportamento mais sábio?



Em princípio todos nós diríamos: devemos aceitar nossas diferenças. Esse é o discurso do lugar-comum. Os povos, para alcançarem a paz, devem compreender os outros, se colocarem no lugar dos outros. Nós seres humanos deveríamos ser mais tolerantes, compreensivos, mais abertos ao diálogo. Entender o outro significa facilitar o diálogo, em suma, a paz. Tudo isso é válido e necessário, mas não suficiente.

Por quê? Porque também devemos prestar atenção nas nossas semelhanças. E se existe um fio condutor que assemelha todos os povos, todos os seres humanos, em todas as épocas e lugares, esse fio reside na violência.

As culturas de todos os povos são distintas em vários aspectos, mas possuem um eixo comum: a violência. As nossas culturas assemelham-se porque todas são “culturas da violência”. Para vivermos em paz uns com os outros, portanto, não se trata tanto de aceitar as nossas diferenças, sim, de recusar as nossas (nefastas) semelhanças [1]. Manifeste. Dê sua opinião.

1 Cf. MULLER, Jean-Marie, O princípio de não-violência, Lisboa: Instituto Piaget, 1998, pp. 9 e 10.

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