2/05/2011

O indescritível amor de Deus




"Aqueles que já foram feridos, tornam-se os melhores médicos".


"Ao empenhar-se para se tornar o amor de Deus para com os feridos, prepare-se para o desestímulo. Lembre-se do pastor ale­mão. A pessoa que conheceu a rejeição é desconfiada e indiferen­te. Teme que a mão estendida seja um porrete disfarçado. pronto para espancá-Io outra vez, e para expô-Io ao vexame. Encoraje-se com o fato de Deus ter colocado em seu caminho essa pessoa machucada, sangrando, de modo que pudesse amá-Ia através de você. Continue a ter compaixão, até que todas as barreiras tenham sido derrubadas".




SÓ SEI DIZER: DEUS É PERFEITO. SEU AMOR É INDESCRITÍVEL, JAMAIS PODEREMOS ENTENDER A ALTURA, LARGURA E PROFUNDIDADE DESSE AMOR...



MESMO NA DOR, CONHEÇO ESTE AMOR...

E É NOS MOMENTOS MAIS DIFÍCEIS QUE DEGUSTO O SEU REAL SABOR... É QUANDO CONSIGO APAUPÁ-LO.


O TEXTO QUE SEGUE SIMPLESMENTE DESCREVE MARAVILHOSAMENTE UMA REALIDADE QUE DEUS VEM ME ENSINANDO HÁ VÁRIOS ANOS. POSSO DIZER QUE NOS POUCOS MINUTOS QUE LI APRENDI TANTO, TANTO QUE NÃO SEI NEM EXPLICAR.

NÃO VOU ESCREVER MAIS, PORQUE ELE É GRANDINHO...

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Blog:


Fiquei observando aquele pastor alemão numa tarde de no­vembro. Chovera a maior parte do dia, e a neblina pairava sobre a montanha. O cachorro encurvava-se servilmente por entre as árvo­res da mata, no fundo do jardim; a cauda entre as pernas, e o pêlo encharcado e emaranhado apegava-se ao corpo descarnado. Do lugar onde eu estava, podia-se, também, ver que ele estava tre­mendo de frio. Comecei a caminhar em sua direção, mas ele escapuliu no meio da bruma.


Muitos dos vizinhos tentaram alimentá-lo, mas ele encolhia-­se e rosnava para esses que lhe queriam o bem. Finalmente, as pessoas conseguiram apanhá-Io. Depois de algum tempo, eu sou­be que ele tinha sido várias vezes espancado por um dono cruel e meio perturbado. Por isso fugiu, perambulando pela zona rural, desistindo de confiar em outro ser humano.


Tenho visto muitos de meus irmãos e irmãs em Cristo, solitá­rios, tremendo num frio espiritual, afastando-se daqueles que de..; sejam fazer-Ihes o bem. Eles estão espiritualmente feridos; foram verbalmente espancados pelos seus companheiros cristãos. En­xergam-se a si mesmos, agora, despojados de todo e qualquer valor diante de Deus e estão com receio de abrir seu coração a outra pessoa, sob pena de serem novamente rejeitados e conde­nados. Quando os encontro, é como se estivesse contemplando aquele cachorro encurvado - ausente, amedrontado e só.


Isaías viu o íntimo da pessoa de Jesus e daquilo que viria fazer, e resumiu Seu caráter e ministério no capítulo 42:3 da profecia:"Não esmagará a cana quebrada, nem apagar a torcida que fumega"


Os bambus crescem em abundância nos rios de Israel. As cri­anças costumavam sentar-se nas margens, e ali faziam orifícios nos bambus, transformando-os em flautas. Era uma tarefa delicada! Com muita facilidade, o bambu podia ser danificado. Se ficasse torto ou estragado, as crianças o esmagavam, jogando-o no rio. Rachado, já não mais servia à música! Até porque havia centenas de outros bambus para escavar, raciocinavam.


Isaías disse sobre a vinda do Messias: "Não esmagará a cana quebrada". Quando chegasse, Ele seria caracterizado como uma pessoa que não lançaria fora aqueles que fossem feridos no pro­cesso de fabricação.


Na antiguidade, as casas de Israel eram iluminadas por pe­quenas candeias de azeite. Um pavio feito de linho flutuava no azeite, clareando a casa. Terminado o azeite, o mau cheiro do linho ardente tornava-se desagradável, e a dona da casa o jogava fora. Ela tinha uma caixa cheia deles, e um só que fosse descartado, não faria grande diferença.


Mas Isaías disse acerca de Jesus:
 " nem apagar a torcida que fumega ". Ele não jogaria fora aqueles que se tornassem fumegantes pela vida e estivessem a ponto de apagar. Quando Jesus veio, Ele fez dos bambus quebrados instrumen­tos que tocaram na orquestra da graça. Tomou os restos carbonizantes de uma vida, tornando-os em luz do mundo. É inte­ressante observar que Mateus foi o único que associou Jesus à an­tiga profecia de Isaías (Mateus t 2:20). Os demais escritores dos Evangelhos não estabeleceram uma relação entre Sua atividade e aquela profecia. Havia um forte motivo que talvez tenha levado Mateus a lembrar-se daquele aspecto e profecia em particular, re­ferentes ao ministério de Jesus. É que ele próprio era um bambu quebrado e um pavio fumegante quando encontrou Jesus.


É bem provável que os pais de Mateus fossem judeus devo­tos, já que deram ao filho o nome de Levi, segundo a tribo sacer­dotal dedicada a Deus. Enquanto moço, aprendeu que era filho da aliança de Deus. Anos depois, em alguma fase de sua vida, ele ficou desestimulado e voltou suas costas para tudo o que seus pais lhe haviam ensinado. Pode ter acontecido que, nesse momento, ele tenha escolhido mudar seu nome para Mateus, desligando-se, com isso, de tudo o que tinha relação com o nome Levi. Israel sofria a ocupação dos romanos, e estes cobravam dos conquistados pesados tributos. A fim de agravarem ainda mais a carga tributária, adotaram a política de contratar judeus que esti­vessem dispostos a arrecadar tributos de seus compatriotas. A remuneração era excelente, e a grande maioria dos coletores exi­gia tributo do povo do que os próprios romanos, e sempre embolsavam o excedente.


Esse tipo de serviço foi oferecido a Mateus, e ele o aceitou. Transformou-se no homem mais odiado de Cafarnaum, onde esta­va estabelecida sua coletoria. No mercado, à simples menção de seu nome, as pessoas amaldiçoavam e cuspiam. Na sua opinião, quem abandona ao Deus de Israel e se desliga da sinagoga com a intenção de servir aos invasores estrangeiros, não podia nem mes­mo ser chamado de gente - era como os cachorros de rua que se alimentavam do lixo, fora da cidade. Os romanos congratulavam-se uns aos outros, e zombavam: "É preciso um só judeu para despojar outros judeus!". Mateus con­tava seus lucros e estava ciente de que era uma das pessoas mais ricas de Cafarnaum. Todavia, no íntimo, ele chorava. Era um bambu quebrado e solitário, uma fedentina nas narinas de seu povo, um vira-lata, e não um ser humano.

Num certo dia, à medida que as pessoas passavam por aquele coletor, para entregar seus tributos, com seus olhos transmitindo todo o ódio que por ele sentiam, Mateus foi arrebatado por um olhar diferente. Jesus, ao pagar Seu tributo, entrelaçou Seus olhos com os de Mateus. Não o enxergou como um cachorro, um refugo ou página virada. Anos depois, o mesmo Mateus registrou aquele incidente de uma forma muito expressiva: "Jesus ... viu um homem chamado Mateus ..." . Aquele olhar falou a Mateus que ele era uma pessoa amada, aceita e recuperável. Imediatamente, ele deixou sua pro­fissão e seguiu a Jesus, e tornou-se o único evangelista a lembrar­se de que Isaías havia dito que Jesus seria um restaurador de bam­bus e Aquele que reacenderia pavios fumegantes.


Há algumas semanas, fui procurado por um certo Antônio. Era um rapaz de trinta anos. Ficou ali numa cadeira à minha frente, e passei a observar sua atitude. Estava bastante desconfiado, pronto para correr a qualquer instante. Lembrei-me do pastor alemão.
Com muita dificuldade conseguiu contar-me a respeito de seus problemas conjugais e do divórcio ainda recente. Os transtor­nos que ele e sua esposa tiveram já vinham de longa data; eles, contudo, tomaram o cuidado de guarda-Ios em sigilo. Mantiveram aquela falsa imagem de uma família cristã perfeita. E foi assim que, no ano anterior, o casamento já falido veio a público, manifestando aquela repugnância, dando margem a que todos lhe dessem bica­das, como urubus famintos em volta de uma carcaça.


A voz misturava-se com a raiva. Antes de ser salvo, as pes­soas costumavam dar-me o seu testemunho. Conversavam sobre o amor de Jesus, Sua graça e misericórdia. Falavam, também, do papel da Igreja. Parecia bom demais para ser verdade - uma comu­nidade incrível de pessoas que se amavam e se perdoavam uns aos outros, do mesmo modo como por Deus haviam sido perdo­adas! Afirmavam que Deus estava em todas as coisas, até mesmo nas tristezas e erros da vida.


Seus lábios afrouxaram-se, e ele disse com grande amargura:
"Acreditei em tudo que me disseram, e, por algum tempo, até que funcionou mais ou menos. Nas áreas onde não dava certo, vestia- mos uma máscara e dizíamos: Glória ao Senhor! Foi exatamente aí, em que cometi meu grande erro! Parei de mentir e narrei-Ihes toda a verdade acerca da minha pessoa e do nosso casamento. Contei­Ihes que meu casamento era uma farsa e que já estava acabado há anos. Assim que souberam da verdade a nosso respeito, ficou cla­ro que nunca amaram a nós, mas sim à imagem que havíamos projetado, ou seja, a de sermos o tipo ideal de pessoas, que ape­nas praticavam as coisas certas. Desde então, a Igreja vem nos tratando como leprosos ".


Muito emocionado, ele continuou: "Sabe o que eles disse­ram? Que eu era uma péssima influência para a Igreja, e que haví­amos perdido nosso testemunho perante o mundo!Se eu não me demitisse, ver-se-iam forçados a excomungar-me, a fim de preser­varem seu posicionamento pela santidade. Então ... " .. Ele hesitou antes de gritar, " ... então, disseram que sempre iriam me amar e orar por mim!"

Sua cabeça tombou-se deprimida, e fixou os olhos no tapete.
"Nós dois estávamos feridos; sabíamos durante anos que, em al­gum momento, havíamos dado o passo errado. Careçamos de amor e aceitação, mas tudo que disseram foi que nosso desempenho era inadequado. Que deixássemos o grupo e parássemos de estorva­-los': Levantou ele os olhos e disse sem esperanças; "Isto é o que você chama de Cristianismo? Isto é o amor?".


Suspirei profundamente. Era um clamor Daquele de quem Isaías falou, o qual seria um especialista em bambus rachados e quebra­dos e em pavios expelidos e torrados. O grupo com o qual o Antônio, até então, teve comunhão, proclamava uma abominável distorção do Evangelho. Ao aceitar;..nos, Deus baseia-se exclusivamente naquilo que Cristo realizou em Sua obra consumada (Rm 14:3). Aquelas pessoas perverteram as Escrituras, transformando-as num outro Evangelho: Deus nos acei­ta, com base no bom desempenho e no comportamento exemplar. Sua mensagem era esta: se alguém faz o bem, nesse caso, Deus e a Sua Igreja o aceitam. Se é um fracassado, a conseqüência natural será a rejeição Divina, que, por sua vez, é confirmada e posta em prática pela Sua Igreja.

Para essas pessoas, cristão é aquele que guarda a Lei de Deus e dia e noite procura ser igual a Jesus. Quanto melhor se comporta­rem, tanto mais aceitos serão. Entre tais pessoas, não poderá existir o tipo de amor que vem de Deus. Cada indivíduo está empenhado em obter aceitação di­ante de Deus, e isso de uma forma mais elogiável que. aquele sentado ao seu lado! Quando um dos membros fracassa, surge até um certo tipo de vanglória, a dizer: "Eu não sou como os demais que cometem erros assim tão pavorosos ". Esses só conhecem um modo de lidar com os que erram - rejeição e expulsão! A máscara tem que ser preservada, para permitir que consigamos a aceitação Divina.


O mundo aí fora, atento, não se surpreende com o tratamento cruel e impiedoso utilizado pela Igreja para medir seus membros feridos. O único Evangelho que ouviram é aquele que afirma que ser cristão consiste em atingir-se um padrão elevado de bom com­portamento. E aqueles que não conseguem alcançá-Io, devem ser excluídos. Afirmando com a cabeça, os não-cristãos, sabiamente, felicitam a si mesmos por nunca haverem se envolvido com as brigas e discussões dos integrantes da Igreja.


Outros, com tristeza, meneiam suas cabeças, dizendo que não é possível que Deus seja assim! Em algum lugar, deve existir al­gum restaurador de bambus e alguém que reacenda pavios fedo­rentos e fumegantes. Verdade é que, o Antônio também não agiu corretamente. Sua cólera e amargura foram um erro. Mas esse não foi o resultado imediato. Ele estava só e ferido em suas emoções, e o povo da aliança de Deus o tratou como um vira-lata. É difícil crer que Deus nos ama, quando Seu povo nos rejeita.
Além desses, há outros irmãos e irmãs solitários, a tremer de frio. Éles não chegaram a pecar, mas tornaram-se vítimas de presbíteros ávidos de poder, os quais interpretam a Igreja como uma ditadura em nome de Deus. Definem a espiritualidade como uma obediência irracional às suas exigências. Muitos já foram apa­nhados por tais grupos, acreditando, ingenuamente, ser essa a vereda para a maturidade cristã.


Passado algum tempo, fica patente que o que Ihes era impos­to a fazerem e serem, era contrário àquilo que viram nas Escrituras e ao que o Espírito testificava em seus corações. Recusaram-se a seguir em frente, com o modo de vida exigido pelos presbíteros. Foram banidos, rotulados de rebeldes e insubmissos. Seus amigos foram recomendados a evitar esses rebeldes, sob pena de sofre­rem a mesma punição, por cumplicidade. Essas ovelhas machucadas não têm para onde se voltar. Aqueles em quem confiaram como a Voz de Deus os arrancaram de Deus e de Sua Igreja. Estão encolhidos na mata, à margem da Igreja, com medo de confiar noutro presbitério ou comunidade.


Inúmeras pessoas estão atualmente feridas por falsas doutri­nas. Falsas, sem que sejam heresias condenáveis. Simplesmente uma ênfase demasiada sobre unia certa verdade, com exclusão de todas as outras verdades, que com aquela mantêm o equilíbrio. Esses, geralmente, são cristãos novos que acreditam inocentemente em tudo o que ouvem; e até os mais velhos, que ficam fascinados por ""novas"" doutrinas e verdades (Hb t 3:9).


Saúde plena e prosperidade são prometidas, contanto que con­centrem sua fé, crendo nas promessas. E, assim, passam a crer com todas as suas forças, mas sem êxito, por ser este apenas um ângulo da verdade, e não toda a verdade de Deus. Interpretam o fracasso como uma evidência de que Deus não honra a Sua pala­vra. Estão agora andando errantes e desconsolados, sentindo que Deus os traiu. Passam a ponderar que, se Ele quebrou uma de Suas promessas, poderá fazer o mesmo com relação às demais. Isso se alterna com a condenação: se ao menos houvessem crido mais, Deus os aceitaria e cumpriria a Sua palavra. Os que antes eram seus amigos, agravam a condenação ao evitá-Ios. Nos grupos de oração, falam a seu respeito com uma certa aversão. Eles esmore­ceram; não tiveram fé suficiente para glorificar a Deus. São, pois, um pavio queimado e sem chama, um empecilho para toda a comunidade.


Muitos estão sós dentro da Igreja. Lembro-me do depoimen­to de Heloísa. Ela freqüentou um grupo extremamente legalista, o qual entendia que, para sermos aceitos por Deus e atingirmos a maturidade espiritual, devemos guardar as regras com afinco. Num domingo, ela olhou à sua volta; todos estavam adorna­dos com aquelas palavras barulhentas, sorridentes, dominicais, es­tudadas, saudando uns aos outros, às vezes interrompendo a con­versa com discretos" louvado seja o Senhor" e "Aleluias': Ela, po­rém, sabia muito bem, por ter ido às suas casas durante a semana, que tudo aquilo não passava de uma grande encenação.


Na intimidade, essas pessoas, na verdade, eram solitárias, con­fusas e feridas, com um enorme receio de expor seus verdadeiros sentimentos àqueles que consideravam amigos. Aprenderam que bons cristãos não possuem maus pensamentos nem sentem von­tade, às vezes, de largar tudo em desespero. E, nesse clima, cada alma solitária vivia atrás de uma máscara, que imaginavam ser ca­paz de fazê-Ios aceitos e queridos dos outros membros da congre­gação. Jamais ousaram compartilhar suas feridas inflamadas, que estavam atrás de suas máscaras, por medo de serem rejeitados.


Muitos anos depois, ela contou-me que tinha vontade de um dia levantar-se e dizer: "Olhem, eu não sou aquela cristã exemplar que vocês pensam que eu sou! Sou muito orgulhosa, grito com meus filhos, e muitas vezes não suporto meu marido. Detesto esta cidade e preciso me arrastar para vir às reuniões aos domingos, pois, na verdade, não tenho nenhuma vontade de vir. Vivo cons­tantemente preocupada com as minhas contas. Agora que me co­nhecem, vocês ainda me amam? " Ela não chegou a fazer isso, per­manecendo na solidão daquilo que milhares chamam de comunhão. Um bambu quebrado, sentado com outros bambus racha­dos, todos a aparentar que estão Cantando a canção de Deus.


Chegou o dia que ela não conseguiu mais prosseguir com aque­le fingimento. Contou a seus amigos que queria levar uma vida social normal e uma atmosfera em que pudesse ser franca, sem medo de rejeição. Teve que deixar a comunhão e perambulou du­rante anos, com medo de todos que se intitulavarn cristãos. A tragédia maior, entretanto, deu-se em virtude de ter ela crido que, ao deixar aquilo que pensava ser a Igreja, estava, igualmente, dei­xando o próprio Deus.


Quando ela partiu, todos os membros louvaram a Deus, por ter sido erradicada aquela falsa irmã, e por estarem, agora, mais santos, como resultado de sua saída. A Heloísa foi um bambu machucado por muitos anos, até o dia em que foi a um de nossos encontros e descobriu a graça de Deus.

"Cada pessoa que conheço, que poderia ser tida como um bam­bu quebrado ou um pavio fumegante, sempre carrega consigo um certo grau de adormecimento. Como aqueles dois, na estrada de Emaús, todo o seu mundo se resume num amontoado de frag­. mentos rotulado: Jesus, o Messias - morto. É um sentimento pes­soal, que ninguém no mundo pode compreender, exceto aquele que está atravessando o problema. É uma sensação de adormecimento, que Pedro deve ter sentido, quando saiu para pran­tear amargamente, depois de negar que conhecia a Jesus. Essa solidão árida se expressa nas palavras de Paulo, enquanto em sua cela, enfrentava a morte: "Demils, tendo amado o presente século, me abandonou ... "
O que deve o cristão fazer, quando está insensível, só e ferido em suas emoções? 

- Parte 2


Todos nós, pelo menos uma vez na vida, já fomos machuca­dos; alguns mais que outros. Que fenômeno faz com que uns pas­sem pelo ferimento, alcançando uma maturidade ainda maior em Cristo, ao passo que outros vivem o resto de suas vidas encolhen­do-se de medo na mata, à margem do Reino de Deus?


Os Antônios e Heloísas da Igreja continuarão a apodrecer em suas feridas, até o dia em que vierem a compreender o sentido do Evangelho. Sua primeira reação a essa afirmação seria talvez insis­tir no ponto de que possuem uma percepção plena do Evangelho. Sem dúvida, utilizam a terminologia do Evangelho e cantam hinos que enaltecem a graça e o amor de Deus. O grupo ou comunidade que frequentam, por certo, haverá de defender com todo vigor sua postura pró-Evangelho.


A verdade, entretanto, é que, esses crêem num pseudo-Evan­gelho, mais perigoso que qualquer outra religião, pelo fato de ado­tarem a mesma terminologia do verdadeiro. Eles têm um denomi­nador comum: acreditar no falso Evangelho do legalismo, o qual, mais cedo ou mais tarde, sempre acaba por deixar seus adeptos com a experiência espiritual ferida e supurada.


Em que consiste o verdadeiro Evangelho que essas pessoas esqueceram? São as Boas Novas que se concentram na pessoa do Senhor Jesus Cristo, e em particular naquilo que realizou em Sua morte, sepultamento, ressurreição e ascensão. Em Sua obra reden­tora, de uma vez por todas, Ele tratou do nosso pecado, do nosso inadequado "eu ", e nos conseguiu o direito de entrarmos na pre­sença do Pai, a fim de recebermos o dom do Espírito. Somos, por­tanto, aceitos, com base naquilo que Ele fez, e não apoiados em nosso comportamento. Todas as promessas de Deus encontram-se à nossa disposição, por meio Dele; jamais por estarmos guardando as regras.


Verdade é que as regras foram dadas com a finalidade de nos mostrar quão errados éramos e de salientar o quanto somos impo­tentes para guardá-Ias!. Toda vez que olhamos para os dez mandamentos, logo percebemos nossa incapacidade para cumpri-Ios e isso nos força a descansarmos em Cristo (GI 3:3; 5:4,5; 2: 19-21 ; Fp 3:9; I Co 15: 10; 1 :30-31; Ag 1: 14 e Ez 36:26,27).


Há alguns dias, fui ao dentista para um check-up. Ele exami­nou minha boca com o espelho bucal e com o explorador. De re­pente ele comemorou: "Uma cárie! Não se preocupe, Já faço a restauração ". Pôs de lado aqueles instrumentos e pegou outros para terminar o serviço naquele dente.


Exatamente da mesma forma, Deus traz o espelho, a luz e os instrumentos de Sua Lei, a nos dizer o que fazer e não fazer. Somos achados repletos de erros e incapazes de mudarmos a nós mes,.. mos. Nessa situação, Ele não nos salva nem nos leva à maturidade espiritual, aumentando a pressão da Lei, fazendo mais exigências ainda. O que faz é abrir nossos olhos para contemplarmos o que Cristo fez por nós, e o dom do Seu Espírito, que vive em nós a vida de Jesus.


Quando aqueles que promovem o legalismo, introduzem mais e mais leis, impondo suas regras e exigindo a força de vontade das pessoas, com o intuito de fomentar o crescimento espiritual, na realidade, estão labutando contra o Evangelho, e Deus assim o permite para evidenciar mais ainda quão incapazes somos, quan­do estarnos fora da obra consumada de Cristo.


No entanto, quando uma pessoa não consegue ter uma con­duta condizente com essas regras feitas por homens, tudo o que o legalista sabe fazer é rejeitá-Ia. Em sua teologia, não há lugar para o fracasso. É nesse momento que os bambus rachados e os pavios fumegantes experimentam desesperada solidão e rejeição. São dei­xados num completo desamparo. Graças a Deus, porém, pela feri­da que traz à luz tão valiosa descoberta!
Se a Heloísa tivesse conhecido o verdadeiro Evangelho, teria percebido que, ao ter deixado aquele grupo em particular, Deus estava, na verdade, conduzindo-a ao descanso e à alegria, encontráveis na obra consumada de Cristo.


O mesmo é válido para aqueles que sofreram nas mãos de ditadores religiosos. As mãos que sem piedade expulsaram, po­dem agora ser vistas como as mãos de Deus disfarçadas, que aca­baram propiciando aquela atmosfera, em que somente a graça de Deus é vista e desfrutada. Deus bondosamente retirou o bambu machucado daquele cativeiro, construído por um conjunto de re­gras exteriores, para que ele pudesse começar a contemplar a vida no Espírito Santo.


De que espécie de ambiente você foi excluído? De uma at­mosfera marcada por uma constante tentativa de se viver de acor­do com uma lista de regras, que nunca tiveram nenhum funda­mento nas Escrituras, simplesmente impostas pela liderança? De um clima onde a espiritualidade era medida por obediência e sub­missão cegas aos presbíteros? Esse não é o caminho da fé, mas a maneira dos fariseus exteriorizarem o seu orgulho. A fé não leva em consideração o esforço próprio; antes, atenta para a obra con­sumada de Cristo e para o Espírito Santo que vive em nós (Ez 44:17,18 e Hb 4:10).


Você é um bambu quebrado? Já foi apontado pelos seus ir­mãos como um pavio carbonizado? Passe por cima de toda essa fúria do grupo e de todas as feridas que surgiram, pelo afastamen­to dos irmãos e da comunhão. Deus está simplesmente anuncian.,. do a você que o modo de se andar com Ele não é mediante uma lista de regras impostas de fora, mas pela vida interior e pelos im­pulsos do Espírito Santo dentro de nós.


Que alívio! Embora alguns dos filhos de Deus o tenham expul­sado, como se fosse um bambu inútil, e descartado como um pa­vio fumegante a incomodá-Ios, Deus é diferente. Ele diz: '~gora você está pronto para permitir que Cristo seja sua vida ".
Se você está convicto de que Deus agia nos bastidores das machucaduras, perdoe àqueles que o feriram: os líderes que o ma­chucaram com palavras e ações, os fofoqueiros, e também àqueles que calaram, quando você mais precisava de um amigo. Tome uma atitude deliberada e perdoe. Se eles conhecessem a miseri­córdia de Deus, não teriam agido daquela maneira. Sua oração é: "Pai, perdoa-Ihes, porque não sabem o que fazem ". Não que você esteja fechando os olhos para tudo o que fizeram, mas está singe­lamente entregando-os a Deus. Ora, eles são a Sua Igreja; portan­to, deixe-os em Suas mãos!


Talvez álguém que você respeitava e ouvia, veio a desviá-Io do caminho certo, através daquilo que compartilhou como sendo a verdade. O ferimento que você tem é uma conseqüência direta de haver crido no que essa pessoa lhe disse. Perdoe a essa pessoa! Todos são falíveis, mesmo os que estão na liderança. Faça uso des­sa experiência, para levá-Io a examinar as Escrituras para si mesmo no futuro, totalmente dependente da confirmação interior do Espí­rito Santo (Dt 13: 1 -4; Pv 14: 1 5; At 17: 10,1 1; I Ts 5:21; Tg 3:2 e GI 2:11).


O perdão é o passo mais importante a ser dado pela ovelha machucada e ferida. A fofoca, por fim, mostra-se incapaz de me destruir, mas esta amargura em meu coração, a qual venho alimen­tando por causa da fofoca, ela sim irá rapidamente me destruir.
Depois de ter perdoado, não fique como aquele pastor ale­mão, encolhendo-se e rosnando para todos os que queriam tratá­10 com carinho e dele cuidar. Nem todos os seres humanos sentem prazer em açoitar cachorros; nem todos os filhos de Deus são legalistas perversos. Não permita que as suas emoções feridas ve­nham a cegá-Io para o amor de Deus. que o alcança por intermédio de Seus filhos. Há presbíteros verdadeiros, os .quais estendem o seu cajado para auxiliar, e não o porrete para espancar.


'Mas", alguém retruca: "Eu pequelde fato e é-me dilfcíl ima­ginar que Deus pode me perdoar. Lembre-se de que eu era um cristão e sabia de tudo ".
Davi, ninguém pode negar, foi uma das ovelhas de Deus. Os Salmos que escreveu o tornaram a poesia de Deus entre os ho­mens. Era já bem vivido e acabara de completar seus cinqüenta anos. Urias era seu vizinho, um de seus soldados mais leais e ab­negados. Este se encontrava longe, a guerrear nas linhas de frente.


Quando Davi adulterou com Bate-Seba, sua esposa. Quando ouviu que daquela relação nasceria uma criança, e que não teria jeito de ocultar o problema, arquitetou a morte de seu amigo. Depois de uma semana de pranto público, Davi casou-se com Bate-Seba.
Todo o Israel comentou o episódio. Davi tornou-se um bam­bu que já não emitia a música de Deus. Para aqueles que consegui­ram descobrir o que acontecera, ele não passava de um empeci­lho, o mau cheiro de um pavio fumegante. Contudo, como vimos, para Deus é um prazer pegar bambus quebrados e transformá-I os em instrumentos melodiosos para a Sua orquestra.


Ao longo de um ano, Davi permaneceu solitário e machucado pelo seu próprio pecado. Naqueles dias, seus sentimentos foram derramados no Salmo 32:3,4: "Envelheceram os meus ossos pe­los meus constantes gemidos todo o dia. Porque a tua mdo pesava dia e noite sobre mim; e o meu vigor se tornou em sequlddo de estio".

Foi então que Natã chegou, forçando Davi a enfrentar a causa de seu ferimento. Naquele instante, Davi rasgou o seu coração para Deus no Salmo 51. Através de todos os versos e estrofes do Sal­mo, há algo que sempre é colocado em realce: Davi está totalmen­te seguro de que Deus o ama e está ao seu lado. As pessoas tagarelavam e diziam que Deus o havia lançado fora. A Lei, por sua vez, o condenava sem misericórdia, pois, para o homicídio e adul­tério, não havia perdão debaixo da Velha Aliança.

Contudo Davi transpôs toda a condenação, fixando os olhos em Deus e teve coragem suficiente para crer que era infinita e eter­namente amado. Em sua oração, apelou para aquele amor: "Com­padece-te de mim, ó Deus, segundo a tua benignidade; e, se­gundo a multidão das Tuas misericórrdias, apaga as mlnhas tran­gressões".

Um dos versículos mais surpreendentes do Salmo é o 1 1: "Não me repulses tua presença, nem me retires o teu Santo Espi­rito". Davi sabia que Deus não o havia expulsado para longe, e que o Espírito Santo ainda estava com ele. A despeito do que as pessoas dissessem, ele descansava no Deus, cujo amor jamais o abandonaria.


Você está ferido e só, atormentado por uma culpa real? O primeiro passo está em perceber que você é amado. Depois de tudo o que falaram a seu respeito, parece impossível crer nissol O Espírito Santo, neste momento, quer alcançar o seu interior com o amor de Deus, eterno e infinito. Entenda, porém, que Deus nunca agirá em nossas vidas contra a nossa vontade. Não somos Seus robôs, mas Seus filhos, membros de Sua família, que com Ele coo­peram. Antes que a graça de Deus possa pegar nossos erros,trans­formando-os em fortalezas, é preciso que haja uma reação, um corresponder. Essa reação é o arrependimento e a fé.


O arrependimento acontece, quando mudamos a concepção que temos a respeito de nós mesmos e de nossas ações. Passamos a enxergar as coisas à maneira de Deus. O que vale dizer que ad­mitimos o nosso erro diante de Deus e nos voltamos para Ele total­mente incapacitados. Se escolhermos a vereda do pecado, recu­sando-nos a reconhecê-Io como pecado, não poderemos esperar a redenção de nossos fracassos, mas somente uma nuvem de deses­pero. Paulo, sobre o assunto, foi incisivo: "Que diremos, pois? Permaneceremos no pecado, para que seja a graÇif mais abun­dante? De modo nenhum. Como viveremos no pecado, nós os que para 'ele morremos?".


A fé, por outro lado, reage ao amor de Deus e ao Seu perdão, evidenciados na obra consumada de Cristo. Fora de Cristo, só exis­te o desespero decorrente do fracasso. O cristão olha para as suas derrotas e erros e se volta para o perdão de Deus epara a obra de Cristo que agora vive dentro de nós. A fé ousa proclamar que Deus faz dos buracos negros das nossas vidas alicerces de seus mais belos edifícios (Ex 32: 1 -14; Jz 10:6-16; 11 Cr 33: 1-13; SI 107: 10-14; 145:8,9; Is 38:1-5; Lm 3:22,23, 31-33; Jn 3 e Lc 15:11-24).

Esqueça a condenação que as pessoas querem empilhar sobre você e descanse no perdão de Deus, que é seu por meio de Cristo. Realmente, Deus não tolera o pecado; todavia, se abraçarmos a culpa e a condenação, estaremos acrescentando pecado sobre pe­cado, pois isso é o mesmo que calcar aos pés o perdão que Jesus nos comprou.


A essa altura, dê um salto de fé e perceba que, em todas as circunstâncias que culminaram neste instante, Deus esteve traba­lhando. O diabo existe de fato, mas nada pode fazer sem permis­são. Deus, em Sua soberania, opera em todas as coisas. A fé enxer­ga além das circunstâncias, atentando para a presença e a ação de Deus em todas elas. É penoso compreender que Deus está agindo na ferida, quando você está sofrendo; contudo Ele está!
Uma das primeiras coisas que os legalistas dirão aos que es­tão machucados é que tudo teria sido diferente se tivessem feito a escolha correta. O seu olhar já diz tudo: Agora não há nenhuma perspectiva; o rumo que a sua vida poderia ter tomado, já não pode mais. Caso, de alguma forma, você consiga ir em frente com o Senhor, isso ocorrerá em Sua vontade secundária e permissiva. Essa é a conclusão natural que nasce do legalismo. Se você tivesse guardado as regras, tudo estaria bem. Como não as guardou, tudo o que lhe resta são remorsos e desesperança.
A questão, entretanto, é que, em Deus, o "se ao menos" e o "tudo teria sido diferente" simplesmente não existem. No mo­mento, a única realidade é a palpitação, com todos os problemas e feridas dela resultantes. Cristo não vive nem Se expressa no ane­lante mundo dos sonhos, mas em nossa história atual e real. Nos­sos erros e fracassos não O afastam de nós! Ele faz com que tudo o que é negativo em nossas vidas, passe a ser a expressão de Sua resposta positiva.
O livro de Provérbios descreve os néscios e preguiçosos como uma pessoa, cujos olhos estão sempre no horizonte, nunca fixa­dos no presente. O sábio, por sua vez, está ciente de que, o que teria sido diferente, não existe, e assume a vida do modo como ela se lhe apresenta neste exato instante.
Sobre esse aspecto, não .estou apenas falando com base no estudo que fiz das Escrituras, mas na minha própria experiência. Sei muito bem o que significa estar sentado à margem da cratera da vida, a aspirar o enxofre das derrotas, dos fracassos e do peca­do. Já fiquei com ódio de mim mesmo, por saber que era minha a responsabilidade por decisões absurdas e atitudes incorretas. Aci­ma daquele turbilhão de pensamentos, ouvia a mim mesmo dizer: "se ao menos você tivesse feito assim ou assado ...ou "tudo teria sido diferente hoje, se vocé tivesse agido de maneira diferente ". Parece que tudo em meu íntimo deseja unir-se a essa conversa, a concordar e discutir comigo mesmo sobre como as coisas poderi­am ser hoje diferentes.


Em vez de aliar-me a esse derrotismo, passo a responsabili­zar-me por mim mesmo. Sim, agi dessa ou daquela maneira e dis­se as coisas que disse. Todavia, se eu começar a viver no mundo fantasioso do "se ao menos": ficarei paralisado para o mundo real do agora.
Bater em retirada para o mundo do "tudo poderia ter sido diferente" ajuda a inflamar as feridas que já temos. Se nos proje­tarmos para o mundo da fantasia, estaremos maldizendo o caráter de Deus. Desde a fundação do mundo, Ele já sabia tudo o que iríamos dizer ou fazer. Sabia que você seria um bambu rachado, no processo de fabricação; e, contudo, Ele o amou, apesar de tudo saber antecipadamente. Agora, concretizado na história o fracas­so, Ele não deixou de amá-Io. Dizer "se ao menos" é compactuar com os pagãos e seus deuses flnitos - deuses que se surpreendem com a atitude de seus adoradores.


Deus sabia de antemão as coisas que iríamos fazer e nos per­doa totalmente, através daquilo que Cristo realizou na cruz. E até mais do que isso; o Seu amor, infinitamente sábio, não só perdoa, mas, em verdade, tece nossos erros em Seu plano e os transforma em bênção. O bambu passa a tocar Sua música e o pavio a brilhar intensamente.

Já analisamos a compaixão de Deus na vida de Davi. Um dos episódios mais notáveis das Escrituras acha~se na genealogia de Jesus, no primeiro capítulo do Evangelho de Mateus. Ao chegar­mos ao nome de Salomão, o Espírito Santo faz uma menção espe­cial, quando informa que o nome de sua mãe era Bate-Seba. É provável que Deus esteja dizendo: "Observe, Eu não sou tolhido pelos pecados de meu povo; ao contrário, Eu os aproveito, incor­porando-os em Meu plano. Tomei aquilo que Davi fez de pior, direcionando-o e utilizando-o como o meio de trazer Meu filho ao mundo".


Lembremos que o Evangelho nos foi apresentado, não só com a mensagem do perdão, mas também da esperança de que Deus transformará o pior em melhor. Ele esclarece que Deus está traba­lhando agora em nossa situação, como e onde estivermos, e sem­pre a glorificar o Seu nome.


O pavio fumegante observa de seu miserável poço as demais pessoas que não fracassaram. Sua sensação é que Deus deve tal­vez amá-Ias mais. E suspira: "Se ao menos eu fosse como eles!' A mensagem, porém, não consiste num alento de desespero sobre o passado, mas na forte esperança de que, neste instante, Ele está agindo no insucesso. Já dissemos que Deus não tolera o pecado, mas, por outro lado, é também verdade que Ele não aperfeiçoa Seus planos com toda aquela lamentação hesitante: "Se ao menos Ele tivesse visto a que ponto eu iria chegar.


Meu passatempo é jardinagem. Sempre dependo de adubo para obter um solo fértil. Todos os dias, pego os retos da cozinha e do jardim e os coloco num local apropriado. As sobras, a sujeira e o lixo da casa e do jardim, por fim, acabam transformando-se no solo mais fértil e melhor do jardim. Da mesma forma, a misericór­dia de Deus pegará os nossos fracassos, se o permitirmos, e os transformará num adubo redentor, fazendo-os produzir positiva­mente. O bambu quebrado, então, cantará a canção mais forte da graça.


Mas, e a lástima dos legalistas? O fracasso, a escolha errada chegaram a nos excluir daquilo que Deus tem de melhor para nós?
Essa é uma forma equivocada de formular a pergunta. O correto seria: "É possível que o Deus infinitamente perfeito tenha algo em Seus planos que não seja o melhor?". Existem muitos atalhos que conduzem à consumação do plano que Ele traçou para nós, e to­dos eles são os melhores, pois estamos lidando com o Deus que só pode conceber o melhor. Em nenhum lugar das Escrituras se pode verificar a vontade permissiva de Deus.


Digamos que eu esteja viajando de São Paulo para Manaus, e haja uma troca de aviões no Rio. Mas, pelas más condições do tempo, eu perca a conexão para Manaus. Eu não estarei, por isso, condenado a passar o resto de minha vida no aeroporto do Rio. Com certeza, há outros vôos do Rio para Manaus. Seria ridículo eu ficar na sala de embarque, torcendo as mãos e lamentando: ''Se ao menos eu não tivesse perdido o vóo ".


Sem dúvida, deixei de conhecer a pessoa que iria sentar ao meu lado, e perdi a refeição que seria servida no primeiro vôo. Mas, há alguém mais para se conhecer no segundo vôo, e a comi­da não será nem um pouco inferior à anterior. Irá acompanhar o padrão estabelecido pela companhia.


Quando erramos, Deus não nos condena a permanecer na sala de embarque, em Sua vontade secundária. A vida não se torna aquele desespero de continuarmos no "tudo poderia ter sido dife ... rente ". Aquele que é infinitamente sábio possui outros modos de realizar a Sua vontade e propósito em nossas vidas. Nossos relacio­namentos serão novos e as circunstâncias diferentes, mas sempre alcançarão o padrão de Sua boa e perfeita sabedoria.


A fé reage ao amor e à graça de Deus, ousando acreditar e desfrutar do que é nosso. Se não crermos que Ele está operando em nossos fracassos, continuaremos a ser um pavio carbonizado, uma chama confusa, paralisados no "tudo poderia ter sido diferen­te", Ficaremos presos no passado, em lugar de nos voltarmos para um fantástico futuro, repleto de graça.


A fé esquece com coragem aquilo que Deus já esqueceu. Ela descansa nas boas novas de que nossos fracassos não são o fim de tudo. Temos o bom senso para reconhecer que, de fato, pecamos; a seguir, recebemos Seu perdão e prosseguimos em frente, na fé de que Deus está trabalhando na situação, exatamente como ela se apresenta.


José ficou profundamente ferido pela atitude de seus irmãos, quando estes o venderam como escravo. Posteriormente, ele não só Ihes perdoou, como também fez uma grandiosa declaração de fé: "Vós, na verdade, Intentastes o mal contra mim; porém Deus o tornou em bem ..• ". (Gênesis 50:20).


Deus está, neste momento, agindo em você, transformando um bambu rachado num instrumento musical. O resultado será você tornar-se apto a transmitir compaixão aos solitários e feridos, com­partilhando com eles aquilo que recebeu de Deus. Paulo fala dessa experiência em 1Coríntios 1:4: "É Ele que nos conforta em toda a nossa trlbulifção, para podermos consolar aos que estiverem em qualquer angústia, com a consolação que nós mesmos so­mos contemplados por Deus".


O que provoca nossa solidão e dor é a visão limitada que temos de Deus. Se é fato que Ele não está operando em nosso sofrimento, então, tudo o que resta é desespero. Quando perce­bemos que Ele está aqui, levando a cabo Seus propósitos de amor, aquela sensação de alienação e solidão começa a desvanecer.

- Parte 3 -
A pessoa que se considera um pavio fumegante, encontra-se numa posição propícia para um formidável crescimento espiritual. Seu fracasso é o ponto de partida para passos gigantescos, que o levarão a conhecer, por experiência própria, o amor, a graça e a misericórdia de Deus; a retirar-se e logo ingressar numa nova vida, em que descobrirá a realidade de Cristo vivendo nela a Sua vida. Seu fracasso na vida será, ainda, uma oportunidade para que todos os irmãos e irmãs que entrarem em contato com essa vida, expe­rimentem um crescimento espiritual.


Todos os que se põem em contato com a vida de uma pessoa ferida, imediatamente se envolvem com aquele machucado. Quan­do corto meu dedo, todo o meu corpo fica envolvido no ferimento. Igualmente, quando um membro do Corpo de Cristo se machuca, os demais, à sua volta, também sentem a dor, a irmão ou irmã que está ao redor das machucaduras de um. dos bambus de Deus, desfruta de uma excelente oportunidade de colocar sua fé em prática. Cantamos hinos que exaltavam o amór~ a misericórdia, a graça e a. paciência de Deus; dissemos Amém às mensagens que acentuavam Seu incrível perdão. Agora chegou a hora de agirmos de conformidade com os nossos Améns, de ser­mos a graça e a misericórdia para com os pavios fumegantes, de sermos a mão estendida do perdão Divino aos feridos e machuca­dos.


A atitude que adotarmos em relação aos nossos irmãos caí­dos, irá dizer se a nossa compreensão pessoal da compaixão de Deus passou por esse teste derradeiro. A percepção que temos do amor Divino, muitas vezes inicia-se e termina no cântico de hinos. Assim que surge a oportunidade de praticá-Io, nós Ó desdenha­mos, considerando-o inexeqüível.


Ao enfrentarmos o fracasso de um dos filhos de Deus, somos obrigados a reafirmar tudo aquilo em que acreditamos. Se ainda não sentimos satisfação em perdoar a nossos irmãos em Cristo, é sinal de que nunca chegamos a compreender o perdão de Deus para nós mesmos (Mt 18:23-35).


É curioso constatar que achamos bem mais fácil perdoar a nos­sos vizinhos pagãos, do que a nossos irmãos em Cristo. Ao rejei­tarmos o irmão fumegante, estaremos nos
 aliando aos legalistas e aos criadores de regras. Eis a nossa atitude: "Se ao menos ele hou­vesse agido corretamente, poderíamos ficar ao seu lado ".Aconte­ce que ele esmoreceu e deve ser punido; e, assim, dele nos desligamos e passamos a amá-Io a distância, o que, obviamente, não é amor de forma alguma.


O irmão rachado, entre nós, obriga todo o grupo a encarar os fundamentos sobre os quais se baseia a aceitação Divina. Talvez seja essa a razão pela qual os legalistas ficam enraivecidos com os CêÚdos, pois são forçados a enxergar a incoerência de sua própria posição. Acaso, alguém é aceito em virtude de um envolvimento zeloso nas coisas espirituais? A receptividade calorosa com que fomos trazidos para a presença de Deus, apoiou-se num modo de vida que nos levou a um estado de perfeição? Até mesmo os legalistas admitirão que as coisas não acontecem dessa maneira.


Somos aceitos e bem-vindos, com base naquilo que Cristo fez por nós em Sua obra consumada. Comprovo, portanto, a minha fé quando estendo ao meu irmão o perdão e a misericórdia, a des­peito de sua conduta atual. Se permitissem que os homens escrevessem o epitáfio de Davi, leríamos: ''Aqui descansa um dos maiores fracassos do povo de Deus, de que se tem notícia". No entanto, Deus sintetizou a pessoa de Davi nas palavras: "Um homem segundo o coração de Deus". Ele não pára de trabalhar com os rachados, tampouco joga fora os fumegantes. Davi compreendeu esse ponto e, no fim de sua vida, escreveu a respeito de sua· grandeza pessoal nas pala­vras: "A tua clemência me engrandeceu".


Que diriam os homens a respeito de Abraão? Deus declarou ser ele Seu amigo. Em cada um desses casos, os fracassos torna­ram-se janelas abertas, a permitir que o amor de Deus fluísse de uma forma jamais imaginada pelo homem. Ao lidar com os irmãos, certifique-se antes de que você tem parte no amor abundante de Deus.


Quando vejo líderes e presbíteros condenando os que caí­ram, chego a estremecer em meu espírito. Por que tanta dificulda­de em conduzi-Ios àquele estado de falta de vigor que passa a contemplar a graça de Deus? Com que segurança podemos asse­verar que, daqui a um ano, eles continuarão sendo um bambu quebrado? Esse pavio fumegante nos oferece a chance de nos posicionarmos em Cristo, pairarmos acima do fracasso de nosso irmão e percebermos que aqui se encontra um instrumento que Deus nãd desprezou; antes, Ele o está entalhando, para que emita ul11a bela música. Não temos o direito de jogar fora o pavio fume­gante que nos incomoda. Ele o está transformando numa gloriosa luz do mundo. Precisamos ser para com ele a expressão tangível da compaixão Divina. Por estarmos em união com Cristo, somos conclamados a amar os irmãos, e não a sermos seus inquisidores.


Observe tudo o que Deus deixou regristrado referente ao seu povo: o pecado de Davi; o ter Abraão negado que Sara era sua esposa, pretendendo salvar sua própria pele; Elias, em meio a um tremendo desespero, roga a Deus que dê um fim à sua vida; Pedro nega Jesus, no momento em que Este estava mais necessitado, Acaso Deus registrou essas ocorrências com o objetivo de barrar a entrada de tais pessoas por toda a eternidade? Seria o registro uma espécie de castigo pelos seus pecados? Ao contrário! Nesses episódios chocantes, Deus está mansa­mente dizendo que não fica manietado pelos nossos fracassos, e que a Sua graça se estende para muito além de nossas maiores esperanças.


O grau de compreensão que alguém possui da compaixão de Deus, será sempre medido pelo chamamento que teve para ex­pressar aquela mesma compaixão aos que caíram. Não se trata do superficial: "Eu te amo", mas de ser esse amor para com os feridos e caídos. Na verdade, nos tornamos as mãos de Cristo que restau­ram o bambu rachado, e não as mãos insensíveis, que os arreme­tem para longe.


Jesus nos contou a estória do Bom Samaritano, a fim de ilustrar esse aspecto. O homem que ia de Jerusalém para Jericó, sozinho, acabou encontrando o que procurava! A estrada era famosa pela quantidade de bandidos e assaltantes. Se alguém quisesse viajar
por ela, desacompanhado, deveria fazê-Io depressa. Enfim, aquele homem foi vencido, roubado e espancado, ficando a sangrar, se­miconsciente quanto ao ocorrido. Em Seu relato, Jesus fala de dois que por ele passaram, como dois profissionais religiosos. Um sacerdote, a caminho das cerimô­nias que iria dirigir no Templo e um levita a caminho do mesmo lugar, com o intuito de servir ou cantar no corq com salmos de adoração. Ambos preferiram não se envolver com aquela vítima. Quem sabe, até eles poderiam ser assaltados, enquanto o estives­sem auxiliando? Certamente chegariam atrasados ao "ofício Divi­no".


É interessante o fato de Jesus haver escolhido um samaritano para ser o personagem de Sua parábola, o único que ajudou com amor aquele homem ferido. Assim preferiu o Senhor, por terem sido os samaritanos chutados à deriva pelos seus vizinhos por um longo tempo. Por esse motivo, sabiam muito bem o que significa­va ser rejeitado, só e indesejado. Aqueles que já foram feridos, tornam-se os melhores médicos.
Ele arriscou sua própria vida em prol daquele estrangeiro ma­chucado no fosso. Repartiu com ele seu estojo de primeiros socor­ros, bem como o dinheiro que havia separado para sua própria hospedagem.
A religião destituída de compaixão em nada mudou através dos anos. Ela continua deixando o ferido e machucado no fundo do
. poço. Reconhecer sua existência, fazer algo para ajudá-Io, tudo isso iria importunar o desenrolar tranqüilo das reuniões e estorvar a Igreja. Só existem carrascos no exército de Deus? Onde está a Cruz Vermelha?
Depois de experimentarmos a extraordinária misericórdia Di­vina, seremos mais afáveis para·com nossos irmãos caídos. Paulo foi um homem de postura rígida. Qualquer pessoa que carecesse de uma consagração totál, era imediatamente despedida como inservível. Um desses foi João Marcos, um rapaz que acompanhou o seu tio Barnabé e Paulo, em sua primeira viagem apostólica. Por alguma razão, João retrocedeu, antes mesmo de haverem iniciado a jornada.
Voltou para sua mãe em Jerusalém; um bambu quebrado no entalhamento, um pavio fumegante, o entrave da Igreja. Ao volta­. rel)1, Paulo e Barnabé testificaram a respeito de tudo o que Deus havia feito, e João Marcos os ouviu com lágrimas nos olhos. Ele estava só - "se ao menos" e "tudo poderia ter sido diferente ".
Passado algum tempo, conversou-se sobre uma segunda via­gem. Marcos apelou para Barnabé. Uma segunda chance. O tio foi rápido em perceber a graça de Deus na vida daquele jovem e o convidou a acompanhá-Ios. Quando Paulo soube disso, numa ati­tude infl~xível, rejeitou a idéia de permitir que João Marcos os acom­panhasse. Sua decisão era irreversível; todo aquele que abando­nasse a cruzada uma vez, jamais teria uma segunda chance. Tão grande foi a desavença entre Paulo e Barnabé, que vieram a sepa­rar-se. Paulo levou Silas como companheiro de viagem, e Barnabé a Marcos.
Todavia Marcos não conseguiria esquecer que havia sido re­jeitado por alguém como Paulo. Passou a enxergar-se como um bambu rachado e inútil. Embora não se ache nas Escrituras, sabe-se que os registros da Igreja primitiva informam que João Marcos en­controu-se com Pedro. Éprovável que, durante uma refeição, na casá de Marcos em Jerusalém, este tenha colocado para fora seu fracasso e solidão .
Posso até visualizar Pedro rindo, dizendo com aquela rude voz:
"Eu O deixei no momento em que Ele mais predsava de mim; ocorreu logo ali, na rua de baixo. Amaldiçoei e disse que não O. conheda. Apesar de tudo isso, Ele me escolheu e não só me per­doou, mas ordenou-me que alimentasse Suas ovelhas ".
Pedro, o bambu quebrado, que agora tocava músicas para a Sua glória, o pavio fumegante, que agora resplandecia luz na escu­ridão, levou consigo a J()ão Marcos, e passaram a viajar juntos. Marcos tornou-se um dos evangelistas de maior êxito na Igreja
primitiva. Mais tarde. transcreveu muitos dos sermões de Pedro. Chamamos essa compilação de o Evangelho de Marcos.
Paulo. entrementes. viajava pelo Império Romano ensinando e pregando - e ao mesmo tempo aprendendo a conhecer a si mes­mo. suas fraquezas pessoais e a necessidade que tinha dos outros. Já no fim. só e machucado pela vida. escreveu de sua cela: " ... Demas, tendo iimddo o presente século, me dbandonou e
se foi para TesSiÚônlca; Crescente foi para a Galácla, Tlto, paTa ir Dalmácla. Somente lUCifS está comigo. Toma contigo a Mar­cos e tr.ue-o, pois me é útil para o ministério" (11 Tm 4: 1 O. 1 1).
Paulo passou a conhecer a si mesmo e também a perceber a total dependência que tinha da graça de Deus. Ao atingirmos a maturidade, Deus nos faz enxergar que nada temos de que nos gabar. Diante Dele. todos precisamos de ajuda. Por vezes. o bam­bu quebrado que jogamos no rio como inútil. no futuro será o ins­trumento usado por Deus para nos transmitir a Sua graça. em mo­mentos de carência. Paulo estava machucado e só. Quem. exceto João Marcos. conhecia uma situação como aquela. e quem podia ministrar graça ao solitário melhor que João Marcos?
Ao aprendermos o quanto somos dependentes da misericór­dia Divina. daí em diante. poderemos restaurar o bambu quebrado com mansidão. Paulo e Judas também abordaram essa questão:
"Irmãos, se alguém for surpreendido nalguma faltil, vós, que sols espirituais, corrigi-o, com o espírito de brandura; e guarda-te para que não sejas tilmbém tentado •.• Porque se al­guém Julga ser alguma COUSil, não sendo nada, a si mesmo se engana". (GI 6: 1 -3).
" •.• se alguém causou trlsteZil •.• devels ... perdoar-lhe e confortá-Io, para que não seja o mesmo consumido por exces­siva tristeza ... rogo que conflrmels para com ele o vosso amor". (11 Co 2:5-8).
" ••. consolels os desiÍnlmados, amparels os fracos, e seJals longânlmos para com todos". (I Ts 5: 14).
" •.• guardal-vos no amor de Deus .•. E compadecel-vos de
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alguns que estão na dúvida· - salval-os, arrebatando-os do fogo ••• "(Jd 2 1 -23).
Sempre que lidamos com os que caíram. percebemos que essa força não vem de nós mesmos, mas de Cristo, que é a nossa vida.
Quando nQS deparamos com um bambu quebrado. devemos enxergar o que ele realmente é, e não o que aparenta ser. O fato Inexpllcável é que Cristo vive em meu irmão ou Irmã ferida. Deus está neste instante operando dentro deles. Paulo refere-se ao teste cruclal para todos os cristãos, em 11 Coríntios 13:5:
"Examlna/-vos a vós mesmos se realmente estills na fé; prova/-vos a vós mesmos. Ou não reconhecels que Jesus Cristo está em vós? Se não é que Já estills reprovados".
Seu enfoque não está no comportamento, mas no teste final, que é Jesus Cristo estar ou não em nós e em nosso irmão machuca­do. O diabo já está acusando o seu irmão. a dizer-lhe que. porque sua conduta não atende aos padrões de Deus. seu relacionamento com Ele está cortado. Nossa atenção precisa estar sempre voltada para o fato de que Jesus Cristo vive no pavio carbonizado, e está, agora, levando a cabo Seus sábios propósitos de amor! Como mé- . dlcos dos feridos. adotamos uma. postura definida e voluntária. Ig­noramos seus fracassos e fixamos nossos olhos em Deus, o qual. tendo começado uma boa obra. irá continuá-Ia até o último dia.
. Quando estivermos sendo a expressão do amor de Deus para os feridos e solitários. deveremos compreender que eles nem sem­pre estão em busca de respostas. Às vezes, os deixamos sós. por termos receio de ficar mudos em face de seus problemas. A verda­de é que eles próprios estão cônscios de que. no momento, não exIstem soluções simples para os seus problemas. O que essa pes­soa maIs precisa é ser amada por alguém que possua o amor que vem de Deus. o que implica amá-Ia. ainda que esteja errada. Um amor que diz: "Eu não tenho todas as respostas, mas desejo, neste momento, ser para voc~ tudo aquilo que você necessita que eu seja ".
Jesus rogou por Isso. no Instante em que mais estava carente.
Os escritores dos Evangelhos descrevem-No. utilizando uma lin­guagem ardente. ao entrar no Jardim do Getsêmani ...e come­çou a entristecer-se e angustiar-se. Então, Ihes disse: A ml­nha alma está profundamente triste à morte ... .(26:37,38).
Naquela hora. Ele procurou por três amigos que Lhe fossem chegados. É como se estivesse dizendo:" "Sinto pavor, estou só, e não consigo até mesmo explicar a vocés o que está acontecendo; apenas fiquem comigo enquanto eu oro. Você não precisam tra­zer-me respostas, apenas permaneçam aqui perto e orem ". Mas eles dormiram. São muitos os bambus quebrados que presencia­ram seus amigos dormirem,quando mais precisavam de compa­nhia.

Ezequiel nos ensina uma valiosa lição sobre o compartilhar da dor de um irmão. No capítulo 3: 15, ele foi aos exilados, em deses­pero, junto ao rio Quebar. Seus conselhos resumiram-se em assen­tar-se no meio deles e ficar calado por uma semana! Não tinha to­das as respostas, mas ficou ali com eles em seu desespero. Bem fariam os amigos de Já se dele aprendessem uma lição!

Ao empenhar-se para se tornar o amor de Deus para com os feridos, prepare-se para o desestímulo. Lembre-se do pastor ale­mão. A pessoa que conheceu a rejeição é desconfiada e indiferen­te. Teme que a mão estendida seja um porrete disfarçado. pronto para espancá-Io outra vez, e para expô-Io ao vexame. Encoraje-se com o fato de Deus ter colocado em seu caminho essa pessoa machucada, sangrando, de modo que pudesse amá-Ia através de você. Continue a ter compaixão, até que todas as barreiras tenham sido derrubadas.

Existem milhares de irmãos e irmãs feridos na Igreja. Talvez você seja um dos quebrados, feridos e fumegantes; você tem apo­drecido na culpa e no desespero. Talvez você seja um espectador, a observar os feridos. A ambos, o chamamento do Espírito é para que redescubram a vastidão da graça de Deus e nela ousem andar.
Deus está redimindo nosso passado; Ele é nosso futuro. Pos­sa a fé dizer, Amém.


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Só Deus pode ter ensinado isso...
Expetacular!

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